terça-feira, 17 de julho de 2012

Desejo a você...



                                                                                     Victor Hugo


Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De sua próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outros sim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O amor

                                                      
                                             Virgilio Siqueira


Amor é sempre amor; o encantamento
Que nos invade por frestas desconhecidas
E nos desperta as sensações mais esquecidas
Transmuta em força o que ardera em desalento

Fluídica fonte do afeto e do contentamento
Que realimenta as ilusões enegrecidas
Reconvertendo-as em paixões reacendidas
E em fulgures o que se fizera bolorento

Exatidão! Entrelace entre almas amalgamadas
Na efervescência do desejo afeito ao jogo
Da trama e da chama que se prolifera

Pela sensatez, numa palavra articulada
Suavizada e incandescida em precioso fogo
Que incendeia, pelos olhos, o coração que o gera


sábado, 16 de junho de 2012

Viva apaixonadamente

                                                                           Augusto Branco

É preciso viver apaixonadamente, em qualquer situação, indistintamente.
Seja lá o que for que você faça, empregue toda tua energia e todo teu espírito nesta tarefa. Acredite, se fizeres assim, sentirás prazer até em lavar pratos ou em varrer a calçada, por quê há vida e beleza em tudo, e cada momento é importante, principalmente este que você nem percebe passar e, por favor, largue estes pratos e esta vassoura: há música no ar!Cante, ainda que desafinado, e dance, mesmo sem saber dançar.
Chore todas as lágrimas que tiver e ria até não mais poder. Ame, perdoe, sinta raiva, chute o balde, faça aquilo que você verdadeiramente tem vontade de fazer. Não é convencional? É arriscado? O que as pessoas irão pensar? Afinal, o que você pretende?
Se você pensa que é maravilhosa a rotina de trabalhar, voltar pra casa, assistir tv, dormir e sair com as crianças no final de semana, parabéns. Você é uma pessoa realizada. Mas penso que até fazer sexo, por melhor que seja, acaba ficando apenas razoável em um ritmo destes.E eu quero o melhor do sexo, o melhor do meu trabalho, o melhor da minha família, o melhor da minha vida.
Se você também quer isso, envolva-se de mágica, deixe fluir a energia que existe em você. O universo inteiro está latente dentro de ti e tudo que você precisa fazer é deixar-se explodir. E quantas coisas surgirão, quanto a fazer, quanto a conhecer. Vá, não olhe pra trás. Não pense em nada, apenas confie em você. Você marchará rumo ao infinito e o que você viverá poderá ser bom ou ruim, nunca se sabe, mas sempre será enriquecedor, não duvide disto. E nunca, nunca se deixe vencer pelo medo, siga em frente.
Ninguém conquista um sonho sem perseguí-lo, ninguém anda uma milha sem dar o primeiro passo. Se ao fim da estrada alguma sombra de arrependimento te atacar, ainda assim levante a cabeça, orgulhe-se por ter tentado, por ter buscado, por ter empregado todas as tuas forças até o último instante.Tanto pior e sempre pior é arrepender-se daquilo que você não fez.

sábado, 9 de junho de 2012

Gosto quando te calas


  Pablo Neruda
                                                                                 Certamente uma poesia que nos toma
                                                                            um pouquinho a alma. Incontestavelmente
                                                                              fantástica, Incontestavelmente Neruda!
                                                                                               Espero que apreciem.


Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

domingo, 27 de maio de 2012

A pequena morte

                                                                Eduardo  Galeano


                                      Pequeno trecho extraido do Livro dos abraços, tão envolvente, mágico 
                                        e profundo. Nos abraça em cada palavra, frase, fragmento...
                                                                     Espero que apreciem.


“Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.”

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Motivo


                                                                           Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A dança

                                                      Pablo Neruda


Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Amor é fogo que arde sem se ver


                                                                LUIS VAZ DE CAMÕES

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

terça-feira, 24 de abril de 2012

Maria Bonita

                                                                               Myriam Fraga

Esta noite em Angico
A brisa é calma.
No silêncio farfalham
Minhas anáguas
Como farfalham asas
E no escuro minha carne
Cheira a mato.

Vem meu amor e lavra
Este roçado
Como quem quebra
Um cântaro,
Como quem lava
A casa;
Águas frescas na tarde.

Tuas limpas carícias,
Teus dedos como pássaros
E teu corpo que arde
Como estrelas
No espaço.

Não quero tua candeia,
Só meus sonhos acesos
E eu te direi de nácar,
Terciopelo,
Coisas antigas, pelo de
Leoa; voz de cego na feira.

Não quero teu braseiro,
Tua intensa
Cintilação que queima
Meus vestidos

Só quero a tua volta,
Tua presença
Iluminando a noite
Que me cerca
Como uma luz acesa
No postigo.

Que sabes de minha vida
Além da morte
Inquieta que me ronda?
Que sabes desta chita
Destes panos
Que envolvem minha nudez
Como uma chama?

São teus olhos
Carvões que me devoram,
São teus beijos
Fosforescências de mel,
Travo forte das frutas.

Teus dedos como setas
Apontam meu destino:
Meu caminho,
Na planta de teus pés;
Meu horizonte,
No risco de tuas mãos
E meus cabelos
Esparsos sobre a relva
Em que me habitas.

Sou teu medo, teu sangue,
Sou teu sono,
Tua alpercata
De couro,
Teu olho cego, miragem
Dos vidros
Com que miras
A mira do mosquete.

Sou teu sabre,
Facão com que degolas.
Sou o gosto do sal,
Veneno que espalharam
No prato.
Sou a colher de prata
Azinhavrada. Sou teu laço.

Teu lenço
No pescoço.
Sou teu chapéu de couro
Constelado
Com estrelas de prata,
Sou a ponta
De teu punhal buscando
O peito dos macacos.
Sou teu braço,
A cartucheira cruzada
Sobre o peito,
sou teu leito
De angico e alecrim

Sou a almofada
Em que deitas a face,
O cheiro agreste
Dos homens que mataste.
Sou a bainha
E a lâmina é meu resgate.

Sou tua fera. Sussuarana
No escuro — bote e salto.
Jaguatirica acesa nestes altos
Mundéus de teu alarme.
Sou o parto
Da morte que te espreita.

Sou teu guia
Tua estrela, teu rastro, tua corja.
Sou tua mãe que chora,
Sou tua filha. Teu cachorro fiel,
Tua égua parida.
Sou a roseta na carne,
O lombo nas esporas.

Sou montaria e cavalo,
Fúria e faca.
Ferro em brasa na espádua
Sou teu gado,
Tua mulher, tua terra,
Tua alma,
Tua roça. Coivara
Que incendeias e apagas,
Tua casa.

Areia no sapato.
Sou a rede
Aberta como um fruto,
Sou soluço. Fome escura
De poço. Sou a caça
Abatida. Lebre e gato,
Coisas quentes ao tato.

Vem, meu dono, meu sócio,
Meu comparsa.
Desarma o teu cansaço,
Desata a cartucheira,
A noite é farta
Como besta no cio,

A noite é vasta.
Vem devagar
E habita meu silêncio
Como se habita
Um claustro.

Teus beijos como
Lâminas. Como espadas.
Pasto de aves meu corpo
Que trabalhas
Como quem corta e lavra.

Desata a cartucheira,
Teu campo de batalha
Sou eu.
Por um momento
Esquece o que te mata
— Fúria e falta —
E enquanto a noite é calma
Vem e apaga
Na pele de meu peito
Esta fome sem data.
 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Plenitude

                                                                           Virgílio Siqueira 


                                                     Essa poesia me foi enviada por um amigo, um
                                                         verdadeiro poeta! Espero que apreciem.
                                            
    

Minhas pernas não são minhas
Meus pés também não são meus
Meus passos são todos teus
Porque todos em tua direção

Da mesma forma
Não me pertencem meus braços
Afeitos aos mais ternos abraços
Em teu corpo
Para se fazerem também teus

Não são meus, meus olhos
São teus
E só são meus
Quando enxergam na superfície de tua pele
A suavidade de tua aura
Ou, imersa em teu corpo
A plenitude clara de tua alma

Também não são minhas, minhas mãos
Se não é para mim que as tenho
É para ti que com elas teço e desenho
Com raiares de luas e estrelas
O mais sublime dos sonhos

Não são minhas
Minha boca e minha língua
Serão para sempre tuas
Em palavras e beijos

Para o fogo dos teus afagos
E o afã dos teus desejos

Meu também não é meu sono
Porque, quando no mais completo abandono
Somente encontro, em sonhos
O porto do teu corpo
Meu abrigo

Porém, são meus todos os meus sonhos
Porque o melhor de todos eles
É sempre contigo

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Canção grata

                                                      Florbela Espanca

Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca
Noites de insónia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão

Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste
Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão

quinta-feira, 5 de abril de 2012

QUASE

                                                                                       SARAH WESTPHAL

                                                          Jovem poeta catarinense, que acabou ficando conhecida
                                                   por terem atribuído esta sua poesia a Veríssimo. Muita honra!!!
                                                                                 Espero que apreciem.


Ainda pior que a convicção do não,
É a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda, que me entristece,
Que me mata trazendo tudo
Que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades
Que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca sairão do papel
Por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes,
O que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor,
Está estampada na distância e na frieza dos sorrisos,
Na foruxidão dos abraços,
Na indiferença dos "bom dia" quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem
Até para ser feliz.
Atitudes valem mais do que palavras.

Para os erros há perdão;
para os fracassos, chance;
para os amores impossíveis, tempo...

Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e
acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando,
fazendo que planejando,
vivendo que esperando
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O AMOR

                                                                  FERNANDO PESSOA

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..

quarta-feira, 21 de março de 2012

                    Um pouco de Pablo Neruda. Incontestavelmente fantástico!
                                                Espero que apreciem.



"É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro".

quarta-feira, 14 de março de 2012

AINDA VIVO...

                                                                        POR ELIZABETH MARQUES

NÃO TEMO NEM UM POUCO A MORTE
TEMO É NÃO VIVER A VIDA
TEMO A FALTA DE VONTADE
DE VIVER MINHAS VERDADES
E FINGIR FELICIDADES

TEMO NÃO CONCRETIZAR MEUS SONHOS
DEIXÁ-LOS NO MEIO DO CAMINHO
SEM SABER ONDE BUSCÁ-LOS
ESQUECER DE PROCURÁ-LOS
CONFORMAR EM NÃO SONHÁ-LOS

TEMO ME DEIXAR SER CONDUZIDA
PELO COMODISMO E A COVARDIA
SEM TER FORÇAS PRA LUTAR
PRA NÃO ME DEIXAR ANULAR
POR ALGO QUE ME TENTEM PODAR

TEMO NÃO VIVER MEUS AMORES
BREVES, LONGOS OU LOUCOS
GUARDANDO DE CADA, UM POUCO
FELIZES OU TRISTES, NÃO INDIFERENTES
ACREDITAR QUE FORAM ÚNICOS

QUERO A CERTEZA QUE VIVI
TUDO QUE ME FOI CONCEDIDO
DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL
TIVE MEUS VOOS E TAMBÉM NAUFRÁGIOS
NÃO IMPORTANDO, POIS VIVI COM INTENSIDADE
E CREIAM, AINDA VIVO.

quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHER

                      A todas nós mulheres, pela garra, determinação, dedicação e superação, sem deixar de lado nossa suavidade e imensa doçura. Por tantas que somos. Parabéns meninas, filhas, mães, amantes, amigas companheiras. Que tenham um dia especial.
                               
                                                      Espero que apreciem.


Semente...
SER-mente...
SER que faz gente,
SER que faz a gente.

Mulher
SER guerreiro, guerrilheiro, lutador...
multimidia, multitarefa, multifaceta, multi-acaso...
multi-coração...

Mulher
SER que dá conta,
que vai além da conta,
que multiplica,
divide, soma e subtrai, sem perder a conta,
sem se dar conta, de que esse século foi seu parto,
na direção de seu espaço,
de seu lugar de direito e de fato,
de seu mundo que lhe foi usurpado e que agora é por ela ocupado.

MULHER...
Esse SER florado,
esse SER adorado,
esse SER adornado,
que nos poem em um tornado,
nos deixa saciado e transtornado,
que nos faz explodir e sentir extasiado.
SER admirado...

MULHER...
Nesse final de milénio, faça a transição.
Tire de seu coração a semente que vai mudar toda a gente
levando o mundo a ser mais gente...
Um mundo mais feminino,
mais rosado e sensibilizado,
mais equilibrado e perfumado...

PARABENS MULHER !!!
Não pelo oito de marco,
nem pelo beijo e pelo abraço,
nem pelo cheiro e pelo amaço.
Mas por ser o que és...
Humus da humanidade,
Raiz da sensibilidade,
Tronco da multiplicidade,
Folhas da serenidade,
Flores da fertilidade,
Frutos da eternidade...
Essencia da natureza humana.

Parabéns...

sexta-feira, 2 de março de 2012

De hoje em diante

                                                      
                                                                      Elizabeth Marques


De hoje em diante,
tudo que espero...


São noites estreladas,
luas compartilhadas,
mãos entrelaçadas,
passos sem descompassos,
um ninho em teus braços;

Os sorrisos mais cativantes,
olhares inquietantes,
chorar só de emoção,
deixar de lado a razão,
ouvir bem mais o coração;

Carinhos sempre frequentes,
viver apaixonadamente,
sonhar inexplicavelmente,
cantar assim livremente,
gritar de tão contente;

Amar perdidamente,
desejar intensamente,
mesmo que brevemente,
mesmo que loucamente.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O diário da Rosa

                                                 ROSICLEIDE DAVID                         

                                                            Em homenagem ao aniversário da Jovem Poeta
                                                          Rosicleide David, posto uma belíssima poesia de
                                                         sua autoria. Parabéns e obrigada por permitir que
                                                          sua linda frase seja a abertura de meu blog.
                                                                                                       Espero que apreciem.


Foi um beijo no canto da boca.
Pode ser considerado um beijo roubado?
E como é que se rouba aquilo o que sempre tivemos direito?
Desde quando o vi, a sua boca me dizia: Beije- me!
E um dia eu beijei, sem pretender em um canto de seus lábios eu descansei os meus
E satisfiz um pouco do desejo daquela boca.
Assim, despretensiosamente, mas profundamente verdadeiro.
Foi um beijo no canto da boca,
Pendente entre a face e os lábios.
Será que percebeu?
Será que perceberam?
E só quem já beijou, assim um beijo torto
Que revela a vontade escondida,
Que lhe desvia a direção das bochechas ao cantinho da boca,
É que sabe a emoção que senti.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

UM DIA VOCE PERCEBE

                                                               AUGUSTO BRANCO

                                                                   Um poeta brasileiro e atual que descobri
                                                                     por acaso, e me encantei com suas poesias.
                                                                     Poeta que inspirou milhões de pessoas pelo
                                                                        mundo com suas belíssimas poesias.
                                                                                  Esspero que apreciem.


Um dia você percebe
que o amor é algo que se encontra muito além de um belo sorriso...
que as coisas simples da vida são também as mais importantes,
e que o teu fracasso ou o teu sucesso depende exclusivamente de suas escolhas.

Um dia você percebe
que maior parte da tua felicidade é construída por você mesmo,
que poucas coisas confortam tanto a dor sofrida quanto o bem que se faz, que sempre se é feliz quando se tem bons amigos,
e que quem realmente te merece não faz você sofrer.

Um dia você percebe
o quanto é bom acordar cedinho para ver o Sol nascer!
Percebe que muitos erros cometidos têm a intenção de acertar,
e que nas pessoas, assim como em um bom perfume, o que vale não é o frasco mas a essência.

Um dia você percebe
que cada um oferece aquilo que tem e que transborda de dentro de si, que não nos cabe julgar nem punir nada aqui, mas apenas compreender e que o silêncio muitas vezes é a maior sabedoria que podemos expressar.

Em um lindo dia você percebe
Que de certo modo, o Amor é apenas uma maneira de olhar
Que a felicidade não tem muito a ver com dinheiro ou status
E que as pessoas mais valiosas em sua vida
são justamente aquelas que sempre estiveram ao teu lado.

Um dia você percebe
que tua felicidade não deve depender dos outros,
mas exclusivamente de você,
e que o mais importante não é que você encontre alguém que te ame de verdade, mas que você se ame sempre, imensamente!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

TALVEZ

                                                            Por Elizabeth Marques


Talvez o amor se vá com o tempo
e talvez deixe um lamento
em quem não deixou de amar.

Talvez o amor seja inconstante
e se deixe levar por amantes
que não se souberam entregar.

Talvez o amor deixe um vazio
que dói profundo no peito
de quem mais se pos a sonhar.

Talvez o amor seja tortura
de quem não se sente seguro
de como saber se doar.

Mas talvez o amor seja belo
alguns podem até ser eternos
basta saber se encontrar.

Talvez o amor seja mistura
de um pouco de tristeza e beleza
que vale viver com certeza.

Talvez o amor seja encanto
que nos faz sorrir para a vida
e faz o coração transbordar.
 

Talvez o amor seja um presente
que mesmo que se tornem ausentes
jamais deixarão de se amar.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O OUTRO LADO DO CAMINHO

                                                                                         Não há nada que possa nos conformar
                                                                                          com a partida de pessoa tão querida,
                                                                                                  a não ser o fato de saber,
                                                                                                que ela, foi a própria "vida"

                                                                               Hoje dedico esta poesia a meus queridos primos,
                                                                                         Djalma, Marcelo, Claudinha e Lú.
                                                                                      Ela está em paz. Fiquem voces também.
                                                                                                    Espero que apreciem.
                                                                                                                     Elizabeth Marques

                                   SANTO AGOSTINHO                                   

"A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi."

domingo, 29 de janeiro de 2012

DEIXA ACONTECER

                                            VINÍCIUS DE MORAES                                                                                   
                          E por falar em saudade...  E por falar em amor....
         Vou de Vinicius de Moraes,  nosso saudoso e amado poetinha.
                                                      Espero que apreciem.
                                                                                                                                                                                                         Elizabeth Marques




Ah, não tente explicar
Nem se desculpar
Nem tente esconder
Se vem do coração
Não tem jeito, não
Deixa acontecer

O amor é essa força incontida
Desarruma a cama e a vida
Nos fere, maltrata e seduz
É feito uma estrela cadente
Que risca o caminho da gente
Nos enche de força e de luz

Vai debochar da dor
Sem nenhum pudor
Nem medo qualquer
Ah, sendo por amor
Seja como for
E seja o que Deus quiser

domingo, 22 de janeiro de 2012

DEFINITIVO

                                                            BELÍSSIMA POESIA DE                                                                                                                    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
                                                          ESPERO QUE APRECIEM.

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional... Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

AMAR PARA MIM...

                                                         Por Elizabeth Marques


Porque amar para mim,
é querer admirar a vida juntos
ter vontade de caminhar os mesmos passos
é desejar ter os mesmos sonhos.

É precisar se entregar sem medo
deixar transbordar os sentimentos
é partilhar todos os momentos.

É ter urgência em se doar
delicadezas em se tocar
é encantamento em cada olhar.

É superar as dificuldades
conciliar as diferenças
é aceitar as deficiências.

É fortalecer todos os laços
cultivar com todo carinho
é temer que possam se perder.

É sonhar que tudo é possível
acreditar que pode ser eterno
é perceber que pode ser intenso.

E amar significa
se sentir inteira, verdadeira e plena.